terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Ogro e o Galo



O Ogro e o Galo

“Era uma vez uma montanha tão alta que parecia tocar o céu. No topo dela vivia um ogro terrível. Ele tinha pele vermelha, um único chifre na cabeça e estava sempre fazendo maldades com o povo do vilarejo ao pé da montanha.

Numa manhã, os camponeses do vilarejo que trabalhavam ao pé da montanha foram para seus campos e viram suas plantações arruinadas. Alguém as arrancou e pisou sobre elas até que não restasse uma única planta inteira.

Eles se perguntaram quem poderia ter feito tal maldade, até que viram as pegadas do ogro espalhados pelo chão.

Os camponeses ficaram enfurecidos. Eles estavam cansados das travessuras do ogro e, quando olharam os vegetais destruídos por todos os lados, ficaram ainda mais furiosos.

Os camponeses apontaram para a montanha e gritaram:

-Seu ogro malfeitor! Por que não pára de fazer essas maldades: Desta vez, nós lhe daremos uma surra!

O ogro olhou para baixo e respondeu com sua voz terrível:

-Vocês precisam me dar um humano todos os dias para meu jantar. Desse modo, vou deixá-los em paz.

Os camponeses nunca tinham ouvido um pedido como aquele. Eles levantaram suas enxadas para o ogro e gritaram de volta:

-Quem você pensa que é para querer comer um humano todos os dias?

-Eu sou o ogro dos ogros- urrou o ogro de volta. – Isso é o que sou! Não há absolutamente nada que eu não possa fazer! Ha, ha, ha!

A voz do ogro ecoou ruidosamente através das montanhas e fez todas as árvores se inclinaram e balançarem.

-Muito bem, então- os camponeses gritaram de volta. – Vamos ver o quanto é poderoso! Se puder construir uma escadaria de pedra com uma centena de degraus por todo o caminho até o topo da montanha, nós lhe daremos tudo o que desejar:

-Ora, certamente posso fazer isso! – o ogro respondeu. – Se não tiver terminado a escadaria antes do primeiro galo cantar amanhã de manhã, prometo ir embora e nunca mais amolar vocês.

Assim que escureceu, o ogro seguiu para o vilarejo e colocou uma capa de palha sobre a cabeça de todos os galos, de modo que não pudessem ver o sol nascer. Então, o ogro disse para si mesmo:

-Agora construirei aquela escadaria! E se pôs a trabalhar.
O ogro trabalhou rapidamente e com tanto afinco que ele já tinha colocado noventa e nove degraus no lugar quando o sol começou a nascer no leste. Mesmo assim, ele sorriu para si mesmo, sabendo que os galos não cantariam, e que ele ainda teria muito tempo para colocar o último degrau na escadaria.

Porém, uma deusa bondosa também vivia na montanha. Ela vinha observando o ogro, e viu o truque sujo que ele estava fazendo. Assim, enquanto o ogro descia a escadaria para buscar a última pedra, a deusa voou até o vilarejo e tirou a capa de palha da cabeça de um dos galos.

O galo viu o sol nascer e cantou ruidosamente:

- Co-co-ri-có!

Isso acordou os outros galos, que começaram a cantar em coro. O ogro ficou estarrecido.

-Eu perdi!- gritou ele. – E havia apenas mais um degrau para fazer!

Mas até os ogros precisam cumprir as promessas. Assim, ele bateu em seu chifre, desapontado, e seguiu para longe das montanhas. Ninguém jamais viu o ogro novamente, e os camponeses viveram muitos felizes ao pé da montanha. “Eles terminariam a escadaria até o topo e sobem até lá nas noites de verão para apreciar a vista maravilhosa.”   

Obs.: Livro de consulta: As histórias preferidas das Crianças Japonesas,
Livro 01,2005, pag. 86

Análise do texto:

Para entender melhor esta mensagem, devemos trocar alguns personagens.

Iremos considerar o Ogro como uma figura importante da humanidade ou uma parte das criaturas humanas, e o galo o badalar de um grande sino, sinalizando o fim de um período e o início de outro.

Nós, seres humanos, sempre julgamos estar muito mais acima do que realmente somos, onde aprendemos a apreciar essa mania de nos auto valorizar e nos glorificar.

Exaltam suas obras, suas conquistas e seus feitos terrenos, sem saber e sem agradecer Àquele que dá a possibilidade para tudo o que deseja.Outros, não perdem a oportunidade de lesar ou prejudicar seus semelhantes.

Em outros casos, vários alertas desceram para diversos povos, para que nós não empreendêssemos todo o nosso tempo e esforço para rolar pedra montanha acima, assim, para que não ficássemos presos apenas ao terrenal.

As primeiras horas do cantar do galo do amanhã de manhã, conforme a história representa, o prazo destinado para todos acordarem para a verdadeira vida.

Todos foram alertados, para que não viessem a agir como os Ogros, dedicando todo o seu esforço para concluir um grande feito terreno, que era a conclusão de uma escada de pedras até o topo da montanha, supondo ainda que teria muito tempo, sorrindo para si mesmo, porque ele ardilosamente colocou uma capa de palha sobre a cabeça de todos os galos.

Ao amanhecer com o sinal do galo, é um alerta de que o prazo de desenvolvimento da humanidade está chegando ao fim, e quando esgotar às 12h se fará ouvir o badalar do relógio universal, sem acrescentar mais nenhum minuto.


A terra ficará vazia destas criaturas maldosas, arrogantes e ingratas, e o pouco que apesar do sofrimento se mantiver puro e implorar por auxílio, será possibilitado subir a escadaria e apreciar a vista maravilhosa.

O Ogro e o Galo, uma mensagem de um profundo significado espiritual, para cada um de nós e para toda a humanidade.




Escrito por: YoshioNouchi

Nenhum comentário:

Postar um comentário