terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Velho Que Faz Florir as Cerejeiras



O Velho Que Faz Florir as Cerejeiras

 “Era uma vez um velhinho muito bondoso que vivia com a sua esposa em um pequeno vilarejo do Japão. Ao lado de sua casa morava um outro velhinho, muito malvado, e sua mulher. O velhinho bondoso e sua esposa tinham um pequeno cachorro branco chamado Shiro. Eles o amavam muito, e sempre lhe davam coisas deliciosas para comer. Mas o velho malvado detestava cachorros, e toda vez que via Shiro, atirava pedras nele.

 Um dia Shiro latiu ruidosamente no quintal. O velhinho bondoso foi até lá ver qual era o problema. Shiro continuou a latir, e começou a cavar um buraco no chão.

- Oh, você quer que eu lhe ajude a cavar?- perguntou o velhinho. Ele buscou uma enxada e começou a cavar. De repente, sua enxada acertou em algo duro. Ele cavou mais fundo e encontrou um pequeno pote de ouro enterrado! O velhinho bondoso levou o pote para a casa e agradeceu Shiro por tê-lo levado até o ouro.

Porém, o velhinho malvado e sua esposa estavam espionando os vizinhos e viram tudo o que aconteceu. Eles também queriam o ouro, então no dia seguinte o velhinho malvado perguntou se podia levar Shiro emprestado por um instante.

-Ora, claro que pode, se lhe for útil de alguma forma- respondeu o velho bondoso.

O velhinho malvado levou o Shiro até seu terreno e ordenou ao cão:

- Agora encontre o ouro para mim também ou vou lhe dar uma surra. Shiro começou a escavar o chão. O velhinho malvado amarrou o cão em uma árvore e continuou a cavar sozinho. Porém, tudo o que encontrou foi um monte de quinquilharias! Isso deixou-o tão bravo que ele bateu na cabeça de Shiro com a sua pá e o matou.

O velhinho bondoso e a sua esposa ficaram muito tristes com a morte de Shiro. Eles enterraram o cachorro em seu terreno e plantaram um pinheiro sobre a sepultura. Todos os dias, eles iam até o túmulo e regavam o pinheiro com amor.

O pinheiro começou a crescer e em um curto espaço de tempo tornou-se grande. A esposa do velhinho bondoso lhe disse:

-Lembra-se de como Shiro gostava de comer bolo de arroz?

Vamos cortar a árvore e fazer um pilão com o seu tronco. Com o pilão faremos bolos de arroz em memória de Shiro.

Assim, o velhinho bondoso cortou a árvore e fez um pilão.

Ele encheu-o de arroz cozido e começou a esmagá-lo com um socador para fazer os bolos. Mas, toda vez que socava o arroz, ele se transformava em ouro! Assim, o velhinho bondoso e sua esposa ficaram ainda mais ricos.

Mais uma vez o velhinho malvado e sua esposa espionavam através da janela quando o arroz se transformou em ouro, e quiseram ouro também. No dia seguinte, o velhinho malvado perguntou se poderia levar o pilão emprestado:

–Claro, por que não?- disse o velho bondoso.

Então, o velhinho malvado levou o pilão para a sua casa e o encheu de arroz cozido.

-Agora veja- ele disse à esposa. – Quando eu começar a esmagar o arroz, ele se transformará em ouro. Assim que ele começou a esmagar, o arroz se transformou em lixo malcheiroso! Isso deixou o velhinho malvado tão bravo que ele quebrou o pilão e queimou os pedaços em sua lareira.

Quando o velhinho bondoso foi buscar o pilão, encontrou-o transformado em cinzas. Ele ficou muito triste, porque o pilão fazia-o lembrar de Shiro. O velhinho bondoso recolheu um pouco das cinzas e levou-as para casa com ele. Isso aconteceu no meio do inverno, e todas as árvores estavam sem folhas. O velhinho bondoso decidiu espalhar um pouco de cinzas em seu quintal. Ao fazê-lo, as cerejeiras começaram a florescer. Todos vieram ver essa cena misteriosa, e mesmo o lorde que vivia em um castelo próximo ouviu falar do ocorrido.

O lorde tinha uma cerejeira que cuidava com muito carinho. Todo ano, ele mal podia esperara chegada da primavera para ver suas flores belíssimas. Porém, na primavera daquele ano, o lorde descobriu que a árvore estava morta, e ficou muito triste. Ao ouvir falar das cerejeiras do velhinho bondoso, enviou um servo até ele e pediu-lhe para fazer a sua árvore voltar a vida.

O velhinho bondoso levou um pouco das cinzas até a árvore do lorde. Então, subiu na árvore, atirou as cinzas sobre os galhos secos e, em um piscar de olhos, a árvore inteira estava coberta com as mais belas flores de cerejeira jamais vistas.

O lorde ficou muito satisfeito e deu aos velhinhos um título novo: ‘Senhor Velho Que Faz Florir as Cerejeiras’.

O Senhor Velho Que Faz Florir as Cerejeiras e sua esposa tornaram-se muito ricos e viveram felizes por muitos anos.”   

Obs.: Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, livro 01,2005, pag. 77, Editora JBC.

Análise do texto:

Resumindo, não importa quanto venham a nos prejudicar, mas se sempre nos mantivermos bondosos e gentis com todos, e se procedermos com amor nas atividades do dia a dia, estaremos embelezando primeiramente o jardim mais próximo de nós, lá no mundo mais fino, a tal ponto que seremos convidados a embelezar outros jardins, muitos mais extensos e elevados, na morada dos espíritos puros, recebendo ricos tesouros espirituais como recompensa de uma longa jornada.




  Escrito por: YoshioNouchi

O Ogro e o Galo



O Ogro e o Galo

“Era uma vez uma montanha tão alta que parecia tocar o céu. No topo dela vivia um ogro terrível. Ele tinha pele vermelha, um único chifre na cabeça e estava sempre fazendo maldades com o povo do vilarejo ao pé da montanha.

Numa manhã, os camponeses do vilarejo que trabalhavam ao pé da montanha foram para seus campos e viram suas plantações arruinadas. Alguém as arrancou e pisou sobre elas até que não restasse uma única planta inteira.

Eles se perguntaram quem poderia ter feito tal maldade, até que viram as pegadas do ogro espalhados pelo chão.

Os camponeses ficaram enfurecidos. Eles estavam cansados das travessuras do ogro e, quando olharam os vegetais destruídos por todos os lados, ficaram ainda mais furiosos.

Os camponeses apontaram para a montanha e gritaram:

-Seu ogro malfeitor! Por que não pára de fazer essas maldades: Desta vez, nós lhe daremos uma surra!

O ogro olhou para baixo e respondeu com sua voz terrível:

-Vocês precisam me dar um humano todos os dias para meu jantar. Desse modo, vou deixá-los em paz.

Os camponeses nunca tinham ouvido um pedido como aquele. Eles levantaram suas enxadas para o ogro e gritaram de volta:

-Quem você pensa que é para querer comer um humano todos os dias?

-Eu sou o ogro dos ogros- urrou o ogro de volta. – Isso é o que sou! Não há absolutamente nada que eu não possa fazer! Ha, ha, ha!

A voz do ogro ecoou ruidosamente através das montanhas e fez todas as árvores se inclinaram e balançarem.

-Muito bem, então- os camponeses gritaram de volta. – Vamos ver o quanto é poderoso! Se puder construir uma escadaria de pedra com uma centena de degraus por todo o caminho até o topo da montanha, nós lhe daremos tudo o que desejar:

-Ora, certamente posso fazer isso! – o ogro respondeu. – Se não tiver terminado a escadaria antes do primeiro galo cantar amanhã de manhã, prometo ir embora e nunca mais amolar vocês.

Assim que escureceu, o ogro seguiu para o vilarejo e colocou uma capa de palha sobre a cabeça de todos os galos, de modo que não pudessem ver o sol nascer. Então, o ogro disse para si mesmo:

-Agora construirei aquela escadaria! E se pôs a trabalhar.
O ogro trabalhou rapidamente e com tanto afinco que ele já tinha colocado noventa e nove degraus no lugar quando o sol começou a nascer no leste. Mesmo assim, ele sorriu para si mesmo, sabendo que os galos não cantariam, e que ele ainda teria muito tempo para colocar o último degrau na escadaria.

Porém, uma deusa bondosa também vivia na montanha. Ela vinha observando o ogro, e viu o truque sujo que ele estava fazendo. Assim, enquanto o ogro descia a escadaria para buscar a última pedra, a deusa voou até o vilarejo e tirou a capa de palha da cabeça de um dos galos.

O galo viu o sol nascer e cantou ruidosamente:

- Co-co-ri-có!

Isso acordou os outros galos, que começaram a cantar em coro. O ogro ficou estarrecido.

-Eu perdi!- gritou ele. – E havia apenas mais um degrau para fazer!

Mas até os ogros precisam cumprir as promessas. Assim, ele bateu em seu chifre, desapontado, e seguiu para longe das montanhas. Ninguém jamais viu o ogro novamente, e os camponeses viveram muitos felizes ao pé da montanha. “Eles terminariam a escadaria até o topo e sobem até lá nas noites de verão para apreciar a vista maravilhosa.”   

Obs.: Livro de consulta: As histórias preferidas das Crianças Japonesas,
Livro 01,2005, pag. 86

Análise do texto:

Para entender melhor esta mensagem, devemos trocar alguns personagens.

Iremos considerar o Ogro como uma figura importante da humanidade ou uma parte das criaturas humanas, e o galo o badalar de um grande sino, sinalizando o fim de um período e o início de outro.

Nós, seres humanos, sempre julgamos estar muito mais acima do que realmente somos, onde aprendemos a apreciar essa mania de nos auto valorizar e nos glorificar.

Exaltam suas obras, suas conquistas e seus feitos terrenos, sem saber e sem agradecer Àquele que dá a possibilidade para tudo o que deseja.Outros, não perdem a oportunidade de lesar ou prejudicar seus semelhantes.

Em outros casos, vários alertas desceram para diversos povos, para que nós não empreendêssemos todo o nosso tempo e esforço para rolar pedra montanha acima, assim, para que não ficássemos presos apenas ao terrenal.

As primeiras horas do cantar do galo do amanhã de manhã, conforme a história representa, o prazo destinado para todos acordarem para a verdadeira vida.

Todos foram alertados, para que não viessem a agir como os Ogros, dedicando todo o seu esforço para concluir um grande feito terreno, que era a conclusão de uma escada de pedras até o topo da montanha, supondo ainda que teria muito tempo, sorrindo para si mesmo, porque ele ardilosamente colocou uma capa de palha sobre a cabeça de todos os galos.

Ao amanhecer com o sinal do galo, é um alerta de que o prazo de desenvolvimento da humanidade está chegando ao fim, e quando esgotar às 12h se fará ouvir o badalar do relógio universal, sem acrescentar mais nenhum minuto.


A terra ficará vazia destas criaturas maldosas, arrogantes e ingratas, e o pouco que apesar do sofrimento se mantiver puro e implorar por auxílio, será possibilitado subir a escadaria e apreciar a vista maravilhosa.

O Ogro e o Galo, uma mensagem de um profundo significado espiritual, para cada um de nós e para toda a humanidade.




Escrito por: YoshioNouchi

As Estátuas Agradecidas



As Estátuas Agradecidas


“Há muito tempo, um casal de idosos muito gentil vivia em um vilarejo no Japão. O marido e a esposa eram muito pobres e passavam o dia inteiro fazendo chapéus de palha. Sempre que terminava uma série de chapéus, o velhinho os levava ao vilarejo mais próximo para tentar vendê-los.

Um dia, o velhinho disse à sua esposa:

- Em dois dias será Ano Novo. Como eu gostaria de ter alguns bolinhos de arroz para comer nesse dia! Mesmo um ou dois pequenos bolos seriam suficientes. Sem bolinhos de arroz nós não teremos como celebrar o Ano Novo.

-Muito bem- respondeu a velhinha.Após você vender esses chapéus que estamos fazendo, compre alguns bolinhos de arroz para o Ano Novo.

De manhã bem cedo o velhinho pegou os cincos chapéus novos que tinha feito e foi a cidade vendê-los. Porém, ao chegar lá, não conseguiu vender um único chapéu. E, para piorar as coisas, começou a nevar muito.

O velhinho se sentiu muito triste enquanto caminhava por uma trilha solitária montanha abaixo, quando de repente passou em frente a uma fila de seis estátuas de Jizo, protetor das crianças, todas cobertas por uma grande camada de neve.

-Puxa! É realmente uma pena- disse o velhinho. - Sei que são apenas estátuas, mas ficar aqui parado em meio a essa neve deve ser muito frio.

E disse para si mesmo:

-Já sei o que farei.

 Ele desatou os cincos chapéus novos de suas costas e começou a prendê-los, um a um, na cabeça das estátuas.

Quando o velhinho foi cobrir a última estátua, de repente se deu conta que todos os demais chapéus estavam sobre as estátuas.

-Que pena! - disse ele. - Eu não tenho chapéus suficientes para cobrir todas elas.

Mas, nesse momento, o velhinho lembrou-se de seu próprio xale. Assim, ele o retirou de sua cabeça, enrolou-o na cabeça da última estátua e voltou para casa.

Ao chegar em casa, a velhinha esperava o marido sentada perto da lareira. Ela olhou para ele e exclamou:

-Você deve estar quase morto de frio! O que fez com o seu xale?

O velhinho retirou a neve de seu cabelo e se aproximou do fogo. Ele contou à esposa como tinha dado todos os chapéus novos e seupróprio xale para as seis estátuas de Jizo. Ele também disse que sentia muito por não ter conseguindo trazer para casa nenhum bolinho de arroz.

-Foi muita generosidade o que fez pelas estátuas- afirmou a velhinha.

Ela estava muito orgulhosa do marido e falou:

-É melhor fazer uma bondade assim do que ter todos os bolinhos de arroz do mundo. Nós ficaremos bem mesmo sem nenhum bolinho no dia de Ano Novo.

Era tarde da noite e o casal de velhinhos logo foi para a cama.

Pouco antes de alvorecer, enquanto estavam dormindo, uma coisa maravilhosa aconteceu.

Ao longe ouviram uma canção:

-Um velhinho gentil caminhando na neve deu seus chapéus às estátuas de Jizo,assim retribuiremos com alegria!

As vozes se aproximaram mais e mais, até que pesados passos podiam ser ouvidos na neve.

Os passos se dirigiam a casa onde o velhinho e sua esposa estavam dormindo. De repente, ouviu-se um barulho, como se algo tivesse sido colocado bem na frente da sua casa.

O casal de velhinhos saltou da cama e correu até a porta.

Ao abri-la, o que acham que encontraram?

Colocado muito ordenadamente em frente a casa, estava o maior e mais bonito bolinho de arroz que os velhinhos jamais viram.

-Quem pode ter nos trazido um presente tão maravilhoso?- perguntaram, enquanto olhavam ao redor.

Na neve, eles viram algumas pegadas, que se enfileiravam para longe de casa. A neve estava tingida com as cores do alvorecer.

Ao longe, caminhando sobre o vale branco, podia se ver as seis estátuas de Jizo, ainda com os chapéus que o velhinho tinha lhes dado. O velhinho mal se conteve de tanta alegria e disse:

-Foi o Jizo de pedra que trouxe este bolo de arroz maravilhoso para nós! – falou o velhinho.

A velhinha então respondeu:

-Você foi muito generoso ao dar-lhes seus chapéus. Assim, eles nos trouxeram este bolinho de arroz para demonstrar a sua gratidão.

E o casal de velhinhos teve uma celebração de Ano Novo magnífica, porque tinha um delicioso bolinho de arroz para partilhar.”  

Obs.: Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, livro 01,2005, pag. 94, Editora JBC.

Análise do texto:

Esta história simples e singela, apenas nos ensina que, apesar da não realização dos desejos terrenos, devemos nos manter sempre gentis e generosos com o próximo e com todas as coisas a nossa volta.

Se tecermos fios puros e luminosos, outros auxiliadores estarão trabalhando durante o nosso sono ou durante nossa vida terrena, e quando nós acordarmos um dia lá do outro lado, ricos presentes já estarão nos aguardando.

O grande bolinho de arroz, conforme a história é contada, não poderia ocorrer na vida terrena de matéria grosseira, e assim, mostra o simbolismo lá no mundo mais fino.


Uma bela história, para que cada um de nós possa repensar o nosso proceder do dia a dia.




     Escrito por: Yoshio Nouchi

O Pinheiro Puxa-Puxa




              
      O Pinheiro Puxa-Puxa


“Era uma vez um jovem lenhador que vivia no Japão. Ele era muito pobre, mas de bom coração. Sempre que ia recolher lenha, jamais quebrava os galhos ainda verdes das árvores e sempre recolhia os galhos caídos no chão. Isso porque o bom lenhador sabia o que aconteceria se ele quebrasse uma árvore: a seiva, que é como o sangue da árvore, poderia gotejar e gotejar, como se a pobre árvore estivesse sangrado. O lenhador não queria machucar as árvores e, por isso, nunca quebrava nenhum de seus galhos.

Certo dia, o bom lenhador estava passando sob um pinheiro bem alto em busca de lenha, quando ouviu uma voz dizer:

-Puxa-puxa, minha seiva se esvai; de meus galhos quebrados ela cai.

O lenhador olhou ao redor e percebeu que alguém havia quebrado alguns galhos do pinheiro, e agora sua seiva gotejava. Ele habilmente emendou os galhos quebrados, dizendo:

-Nos galhos frágeis faço um remendo, para a seiva não descer correndo.

Ele cortou as tiras de suas próprias roupas para fazer curativos. Assim que terminou de remendar os galhos, muitas gotas de ouro e prata caíram da árvore- eram moedas! O lenhador ficou muito surpreso e mal pôde acreditar no que seus olhos viam. Ele olhou para cima do pinheiro e agradeceu. Depois, recolheu todas as moedas e levou-as para casa.

O bom lenhador tinha tantas moedas de ouro e prata que imaginou ter se tornado um homem muito rico.

Pinheiros são símbolos de prosperidade no Japão, e com certeza, o pinheiro agradecido retribuiria sua boa ação com este ato de generosidade.

Nesse momento, uma face apareceu na janela da casa do lenhador- era o rosto de outro lenhador. Mas esse lenhador era uma pessoa maldosa. De fato, foi ele quem quebrou os galhos do pinheiro.

Ao ver as moedas, o lenhador mau perguntou:

-Onde você conseguiu todas estas moedas? Que brilhantes e bonitas elas são!

O bom lenhador mostrou as moedas para o outro ver. Elas eram de um formato oval, como as moedas usadas antigamente no Japão;e ele tinha cinco cestas delas. O bom lenhador contou ao outro como conseguiu ganhá-las:

-Foi aquele pinheiro grande?

-Sim, foi! - confirmou o bom lenhador.

-Humm- disse o lenhador mau, e saiu correndo o mais rápido que pôde. 

Ele queria algumas das moedas para si mesmo.

Rapidamente, o mau lenhador foi até o velho pinheiro, e a árvore disse para ele:

-Puxa, puxa, minha seiva se esvai;me toque e verá como ela cai.

-Oh, isso é tudo o que eu quero- disse o mau lenhador. –Uma chuva de ouro e prata!

Ele foi até o pinheiro e quebrou o galho. O pinheiro de repente despejou muitas gotas sobre o mau lenhador. Mas eram gotas de seiva, pegajosas como um puxa-puxa.

O mau lenhador ficou coberto de seiva, braços e pernas. A seiva era tão grudenta que ele não conseguia se mover. Embora tenha gritado por ajuda, ninguém pôde ouvi-lo. Ele teve de ficar ali por três longos dias- um para cada galho que quebrava, até que a seiva se tornasse macia o bastante para ele conseguir se arrastar até a sua casa.


E, após o ocorrido, o mau lenhador nunca mais quebrou outro galho verde de árvore.”

Obs.: Texto extraído do Livro: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 01, pg. 48, Editora JBC.

Análise do texto:

 Procurando simplificar ao máximo, segue a mensagem que foi passada para a posteridade:

 O lenhador era pobre,mas de bom coração, e procurava respeitar tudo o que estivesse a sua volta, onde até um pequeno detalhe lhe era importante, e a natureza retribuía cada ato de generosidade.

 Em outros termos, mas com o mesmo efeito, vale lembrar daquele ditado, o que semear, colherá multiplicado.
   Escrito por: Yoshio Nouchi

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Profecias e outros... O Vendedor de Sandálias


Profecias e outros...
O Vendedor de Sandálias

Segue alguns trechos da história.
“Eles era honestos e extremamente pobres.
Um dia, perto do fim do ano, os dois escutaram algumas crianças cantando do lado de fora da casa.”
“Oh, Senhor Ano Novo, onde está você?”
“Oh, querido – a esposa suspirou – O ano novo é depois de amanhã e nos não temos nenhum arroz, Assim não podemos fazer bolinhos mochi.”
- “Eu sei o que farei. Levarei as sandálias de palha para o povoado e as venderei em um instante.”
Ao chegar ao povoado, começou a caminhar pelas ruas gritando: - Sandálias de palha! Sandálias de palha!
Porém, não conseguiu vender um único par.
Logo depois, outro homem idoso veio pela rua vendendo carvão vegetal. Ele gritava – Carvão! Carvão!”
“Assim eles se puseram a andar juntos.
- Sandálias de palha! – gritava um.
- Carvão! Carvão – gritava o outro.”
“Então, o vendedor de carvão disse: - É realmente muito ruim levar para casa as mesmas coisas que trouxemos. Por que não trocamos?” Assim, você poderá levar meu carvão para casa e eu levarei suas sandálias de palha.
- Essa é uma boa idéia – concordou o vendedor de sandálias. Assim, eles trocaram de mercadoria e foram embora.
Quando o vendedor de sandálias chegou em casa, sentia muito, muito frio. Ele contou á velha esposa as más noticias: não conseguira ganhar um único centavo.
- Mas pelo menos eu trouxe esse carvão – ele disse á mulher. – E nós podemos nos aquecer.
“Assim, acenderam a lareira com o carvão e sentaram-se em volta para se aquecer. Porém, caíram no sono, e não notaram a presença de um minúsculo ogro, que pulou sobre o fogo e se escondeu em seu armário para observá-los. O ogro tinha apenas uma polegada de altura, mas se parecia com o vendedor de carvão que o velhinho encontrara naquele dia.

Após o velhinho e sua esposa irem para a cama, o ogro saiu de seu esconderijo e disse: - hoje, eu senti pena desse pobre velhinho e lhe dei esse carvão mágico. Toda fagulha que cair do seu fogo se transformará em um pedaço de ouro. Depois o ogro desapareceu."

Obs.:Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 02, 2005, pg. 58, Editora JBC

Análise da História:Moral  apesar da não realização dos desejos terrenos, se mantivermos boa vontade, pureza nos pensamentos e no coração, os auxiliadores estarão coletando estas boas sementes e plantando lá num outro mundo mais fino, demonstrar do que nós não devemos separar as nossas vidas do Aquém e do Além, sendo apenas uma coisa única, que outros auxiliadores estarão tecendo fios do destino favorável ou desfavorável conforme o nosso proceder.
Segue um ditado que se enquadra nesta história:

Muitas vezes, a não realização dos desejos terrenos é o melhor auxilio
             


                                                                                                                                      


                                                                                                                                             Escrito por: Yoshio Nouchi

Como Narrar Histórias


Como Narrar Histórias

Podemos narrar algumas histórias japonesas em vários níveis.
Para as crianças, contando da forma mais infantil possível; para um pré-adolescente sendo um pouco mais severo, esclarecendo que podemos receber boas reciprocidades ou não, expressando-se de uma forma suave, mas carregada com um pouco mais de severidade.

Para um adolescente, já apresentando a história com um tom mais grave, o que fizeres aqui também reflete lá, algo como esta sentença: “o que semeares, colherás multiplicado.”

Para o adulto, precisamos ser o mais severo possível, porque de outro modo não surtirá aquele efeito desejado.
 
O educador deve ter cuidado e bom senso, para saber dosar, e assim, não gerar insegurança ou medo nas crianças.


Seria como um botão de rosa; ele deve desabrochar naturalmente, caso contrário,
virá a prejudicar ou até danificar todo o seu desabrochar.


                                             Escrito Por: Yoshio Nouchi

Como Surgiu Esse Link II


Como Surgiu Esse Link II

No ano de 2007, numa reunião com o grupo de jovens antes do ensaio semanal do Taiko (Tambor Japonês), levei um livro das histórias para crianças japonesas, já traduzido na versão em Português. Me recordo de ter contado duas histórias deste livro, e todos se encontravam sentados em círculo, num canto da quadra de esporte.
Fui contando normalmente, como manda uma leitura didática ou como o raciocínio já sabe fazê-lo.
Após passar algumas horas, veio a surpresa; intuitivamente me despertou esta vontade de contá-las. Essas histórias têm um profundo valor, se analisarmos com calma, podemos extrair todo o valor contido nestas Profecias e Revelações, que chegou a posteridade na forma de conceito.
Creio que algumas centenas de anos atrás, deve ter passado nestas regiões um poeta muito inspirado que tinha capacidade de haurir de puras fontes, ou um mediador do Altíssimo, para alertá-lo de que o proceder daquela época iria influenciar nos fios do destino de cada um, sendo que o nosso proceder atual também irá influenciar nos nossos caminhos e destino futuro.
Daí surgiu o desejo de me aprofundar nas leituras dos livros infantis.
Só agora, conseguindo disponibilizar tempo, estou reiniciando esse trabalho e assim, divulgando a outras pessoas.
Assim, espero estar contribuindo para despertar aqueles que anseiam pela Verdade, mesmo sabendo que para os tempos atuais, estas Profecias e Revelações entoam meio estranhas e desajeitadas.       

                                                                                   
 Escrito Por: Yoshio Nouchi

Voltar a Simplicidade


Voltar a Simplicidade


Vamos tomar um exemplo bem conhecido de história para as crianças, em que dois personagens têm como objetivo a bandeirada de chegada. O primeiro costuma ver a estrada como algo normal, não se importando com a poeira, ou a lama, tratando todos esses fatores que estão à sua frente como algo natural, e ainda apreciando cada detalhe, cada novidade com serenidade ou entusiasmo, e assim, por mais longe e difícil que seja, podemos concluir que ele vai chegar à reta final.
Se o segundo olha a caminhada com diversas formas de pensamentos, talvez, como quem não pode perder tempo, atuando sempre na correria, atropelando outros fatores que poderiam enriquecer o eu interior, como se o tempo significasse apenas um fator para acumular riqueza ou ganhar prestígio, e ainda olhando com arrogância e presunção aqueles que vêem a caminhada com simplicidade;  é muito provável que este segundo personagem não vá aproveitar a vida naquela finalidade que foi desejada para cada um.

Assim, podemos concluir que a corrida do coelho e da tartaruga, hoje muito comum na cultura de vários povos, é um alerta e um ensinamento para o nosso proceder terreno e espiritual.
 
O primeiro, apesar do seu lento mas contínuo esforço, pode receber a bandeirada de chegada, ou podemos dizer, sem presunção no pensar e na sua forma simples de atuar, valorizando cada passo, que chegou ao destino.
O outro, com excesso de vaidade e com várias formas de pensamentos, apenas supôs que já estava lá, mas no fim, perdeu a corrida.

Conosco, seres humanos, acontece a mesma coisa; se ficarmos supondo que ainda temos muito tempo, que podemos aguardar e refrescar debaixo de uma boa sombra, ou que podemos ficar olhando com arrogância em relação ao próximo, estamos sim, perdendo tempo precioso nesta longa caminhada pela vida, e a bandeira de chegada, não será agitada para todos.

Assim, podemos deduzir que todos os povos foram alertados, não havendo um que deixou de receber algumas mensagens neste teor de auxílio e advertência.                                      

Voltar a atuar na simplicidade, na pureza dos pensamentos, hoje se tornou difícil para muitos, a vaidade e essa mania de presumir sobre tudo, exclui a possibilidade de compreender toda a grandeza contida na Criação.
                                                                           


Escrito por: Yoshio Nouchi