.png) “Era uma vez um jovem lenhador que vivia no Japão. Ele era muito pobre, mas de bom coração. Sempre que ia recolher lenha, jamais quebrava os galhos ainda verdes das árvores e sempre recolhia os galhos caídos no chão. Isso porque o bom lenhador sabia o que aconteceria se ele quebrasse uma árvore: a seiva, que é como o sangue da árvore, poderia gotejar e gotejar, como se a pobre árvore estivesse sangrado. O lenhador não queria machucar as árvores e, por isso, nunca quebrava nenhum de seus galhos.
Certo dia, o bom lenhador estava passando sob um pinheiro bem alto em busca de lenha, quando ouviu uma voz dizer:
-Puxa-puxa, minha seiva se esvai; de meus galhos quebrados ela cai.
O lenhador olhou ao redor e percebeu que alguém havia quebrado alguns galhos do pinheiro, e agora sua seiva gotejava. Ele habilmente emendou os galhos quebrados, dizendo:
-Nos galhos frágeis faço um remendo, para a seiva não descer correndo.
Ele cortou as tiras de suas próprias roupas para fazer curativos. Assim que terminou de remendar os galhos, muitas gotas de ouro e prata caíram da árvore- eram moedas! O lenhador ficou muito surpreso e mal pôde acreditar no que seus olhos viam. Ele olhou para cima do pinheiro e agradeceu. Depois, recolheu todas as moedas e levou-as para casa.
O bom lenhador tinha tantas moedas de ouro e prata que imaginou ter se tornado um homem muito rico.
Pinheiros são símbolos de prosperidade no Japão, e com certeza, o pinheiro agradecido retribuiria sua boa ação com este ato de generosidade.
Nesse momento, uma face apareceu na janela da casa do lenhador- era o rosto de outro lenhador. Mas esse lenhador era uma pessoa maldosa. De fato, foi ele quem quebrou os galhos do pinheiro.
Ao ver as moedas, o lenhador mau perguntou:
-Onde você conseguiu todas estas moedas? Que brilhantes e bonitas elas são!
O bom lenhador mostrou as moedas para o outro ver. Elas eram de um formato oval, como as moedas usadas antigamente no Japão;e ele tinha cinco cestas delas. O bom lenhador contou ao outro como conseguiu ganhá-las:
-Foi aquele pinheiro grande?
-Sim, foi! - confirmou o bom lenhador.
-Humm- disse o lenhador mau, e saiu correndo o mais rápido que pôde.
Ele queria algumas das moedas para si mesmo.
Rapidamente, o mau lenhador foi até o velho pinheiro, e a árvore disse para ele:
-Puxa, puxa, minha seiva se esvai;me toque e verá como ela cai.
-Oh, isso é tudo o que eu quero- disse o mau lenhador. –Uma chuva de ouro e prata!
Ele foi até o pinheiro e quebrou o galho. O pinheiro de repente despejou muitas gotas sobre o mau lenhador. Mas eram gotas de seiva, pegajosas como um puxa-puxa.
O mau lenhador ficou coberto de seiva, braços e pernas. A seiva era tão grudenta que ele não conseguia se mover. Embora tenha gritado por ajuda, ninguém pôde ouvi-lo. Ele teve de ficar ali por três longos dias- um para cada galho que quebrava, até que a seiva se tornasse macia o bastante para ele conseguir se arrastar até a sua casa.
E, após o ocorrido, o mau lenhador nunca mais quebrou outro galho verde de árvore.”
Obs.: Texto extraído do Livro: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 01, pg. 48, Editora JBC.
Análise do texto:
Procurando simplificar ao máximo, segue a mensagem que foi passada para a posteridade:
O lenhador era pobre,mas de bom coração, e procurava respeitar tudo o que estivesse a sua volta, onde até um pequeno detalhe lhe era importante, e a natureza retribuía cada ato de generosidade.
Em outros termos, mas com o mesmo efeito, vale lembrar daquele ditado, o que semear, colherá multiplicado.
Escrito por: Yoshio Nouchi
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