segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Velho com um inchaço na face do rosto



O Velho com um inchaço na face do rosto

“Era uma vez um velhinho muito trabalhador.
Em sua bochecha direita ele tinha um grande tumor benigno, que formava um calombo. Um dia, ele foi para a montanha cortar madeira, e de repente começou a chover.

- Minha nossa! O que vou fazer? – falou.

Ele teve sorte de achar um grande abrigo em uma árvore oca, onde pôde se esconder até a chuva parar. Enquanto esperava, ele começou a cochilar, e acabou adormecendo.

Ao acordar, ficou muito surpreso ao descobrir que já era noite, e que na frente de sua árvore ocorria uma festa completa, com ogros vermelhos e verdes dançando.

- Ahá! –gritou um ogro. – Há um velho dentro da árvore.-e eles o puxaram para fora de seu esconderijo.

- Agora, velho, você, precisa dançar para nós.

Assim, o velho dançou mostrando a sua melhor performance para os ogros.

-  Muito bem, muito bem! Isso foi muito divertido – disseram os ogros, e bateram palmas exultantes.

- Você precisa vir novamente amanhã à noite para nos mostrar sua dança. 

Até lá, vamos guardar o seu calombo para ter certeza de que você virá e dançará novamente.

Eles tiraram o grande calombo da face do homem, pensando que devia ser algo muito precioso. O velho, naturalmente, ficou muito feliz por perder seu calombo e deixou a floresta cantando. Ao chegar em casa, ele contou a história para sua esposa, que estava tão surpresa quanto feliz. Seu marido ficara tão bonito sem o seu tumor!

O vizinho da porta do lado também tinha um calombo feio, e ficou muito animado ao ouvir a história.

- Eu poderia perder meu tumor da mesma forma! – pensou o vizinho, que seguiu para a mesma montanha e se escondeu na mesma árvore. Por fim, os mesmo ogros vieram para a festa.

- Chegou a hora! – disse o segundo velho, ao pular para fora da árvore e começar a dançar.

Porém, ele não pôde dançar tão bem quanto o primeiro velho. Os ogros não ficaram satisfeitos e gritaram:

- Essa dança não é tão boa quanto a primeira que nós vimos na noite passada!

Um deles disse:

- Nunca mais queremos vê-lo dançar! Vamos devolver-lhe o calombo, assim não voltará mais. Os ogros pegaram o calombo que tinham tomado do primeiro velho, puseram no seu vizinho e o expulsaram. O segundo velho voltou triste para casa, com dois calombos na face em vez de um.” 

Obs.: Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, livro 02, 2005, pág. 40, Editora JBC.   

Análise do texto:

Daí podemos deduzir que sentimentos de inveja e má vontade só tendem a acumular peso, calombo e sofrimento no nosso corpo de constituição mais fina; diferente da boa vontade e daqueles com disposição de sempre poderem estender a mão e fazer o melhor para o próximo.

Essa é uma mensagem de alerta para o nosso proceder, porque a imagem do velhinho representa o final de um longo período de nossa peregrinação, desenvolvimento e estadia como hóspedes nesta vida terrena de matéria grosseira e de matéria fina.
Diferente quando um espírito humano alcança o Reino Espiritual, o imperecível da Criação.

O Último Exame ou o Exame Final, essa sim, é a mensagem deste precioso texto.

                                                              
                                                                           

                                                           Escrito por: Yoshio Nouchi

4 comentários:

  1. Adorei todas as suas postagens, estou utilizando no Projeto da Escola : Lendas Japonesas -Leituraço Imigrantes

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  2. Estou colocando todos os seus créditos

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  3. Veja como ficou lindo :https://www.youtube.com/watch?v=g0VPlVqig4Q

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  4. Desde já o meu muito obrigada. Leopoldina Alves

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